Mente como água: como escrever me ajuda
- Tefi Paes
- 27 de mai. de 2019
- 3 min de leitura
Dentre as muitas pesquisas que fiz a fim de buscar uma rotina mais organizada, o GTD (Getting Things Done), método de produtividade do David Allen , foi a forma mais eficaz que eu encontrei de assegurar que as coisas estariam minimamente organizadas. Um dos princípios que o GTD aplica, é o de que a mente não foi feita para armazenar informações, mas sim para criar. A partir dessa percepção fica fácil entender o motivo para que o método necessite de ferramentas de captura, caixas de entrada onde você se assegura de que tudo que vem à sua mente esteja armazenado no local correto, um local onde você irá revisitar em um momento apropriado para, aí sim, decidir o que fazer com cada uma daquelas notas mentais. De outra forma, nós acabamos caindo na sobrecarga de guardar absolutamente tudo na memória, e torcer para que nossos cérebros nos lembrem do que precisa ser lembrado, no momento certo.
A partir do entendimento de que as coisas não precisam ficar armazenadas na minha cabeça eu iniciei há alguns anos a implementação do método GTD na minha vida, cumprindo, entre outras, a etapa de capturar todos os insights, físicos ou não, em caixas de entrada que fossem adequadas às minhas necessidades. Em um primeiro momento o susto é grande, pois não temos noção da real quantidade de trabalho que nos aguarda até centralizarmos tudo de forma tão eficaz. Olhar as caixas de entrada nos dá a dimensão das nossas responsabilidades e fica mais fácil entender os constantes esgotamentos mentais que nos rodeiam.
Após alguns anos estudando e implementando o GTD, com o tempo eu percebi que não importava o quanto eu anotasse, eu tinha uma quantidade absurda de coisas na cabeça, o tempo todo pensando, tendo ideias e analisando possibilidades. Há pouco tempo consegui identificar em atividades de auto conhecimento que esse fluxo intenso era resultado de uma característica muito inerente, que eu passei a vida escondendo: criatividade.

Quando identifiquei essa característica - que após muito tempo de repressão se tornou quase que uma sombra - me permiti trabalhar em cima dela. Nesse trabalho muitas ideias surgiram para externalizar a quantidade de criações que minha mente me apresenta diariamente, e recentemente percebi que isso nada mais é do que me permitir criar uma caixa de entrada também para a minha criatividade. Esse excesso de informações armazenadas na minha cabeça também estava afetando minha saúde mental, o que significa que a partir do momento em que eu comecei a tira-las da minha mente e trazê-las para o plano real, tomando decisões coerentes para cada uma, eu senti um alívio quase que imediato.
A origem desse blog também está aqui, já que escrever foi uma das maneiras que encontrei para capturar a parte criativa da minha vida. A partir disso, seguindo o método GTD (você pode conferir um resumo sobre a metodologia nesse post da Thais Godinho ), eu esclarecia quando cada assunto poderia vir a ser um texto completo, organizava meus novos textos em pastas, refletia diversas vezes sobre esse arquivo que estava criando e, enfim, decidi que essa seria a melhor hora para iniciar meu blog, afinal eu já tinha uma quantidade boa de textos prontos, além de que voltar a fazer conteúdo na internet sempre foi um sonho que eu ficava adiando.
Hoje eu consigo visualizar o quanto escrever é fundamental para a manutenção da minha saúde, levando em conta meu histórico e minha criatividade sempre constante. Externalizar as ideias e decidir o que fazer com cada uma delas ajuda a controlar esse grande fluxo de atividade mental, permitindo que minha mente se mantenha estável, ou, como David Allen gosta de definir: mente como água.

Neste universo a reação de uma mente estável e equilibrada assemelha-se a da água quando 'algo' a atinge. Reage apenas o necessário e logo em seguida volta ao estado de tranquilidade. Nem mais, nem menos, apenas o necessário. Call Daniel
Confesso que é um exercício diário, e o caminho para descobrir quais ferramentas são adequadas à nossa realidade nem sempre é fácil, mas essa foi uma solução muito eficaz para mim e que gostaria de compartilhar aqui com vocês, assim como explicar a importância desse blog na minha trajetória.
E você, qual a sua arte? Qual atividade te proporciona uma sensação parecida com a "mente como a água"?
Lembre-se, tudo o que eu falo aqui sobre saúde mental e ferramentas terapêuticas é baseado em experiências pessoais. Para avaliações individuais é indispensável o trabalho e opiniões de profissionais habilitados na área.
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