Quando a vida real não segue o nosso roteiro
- Tefi Paes
- 5 de ago. de 2022
- 3 min de leitura
Como vocês já sabem - ou não - julho foi nosso mês de "férias".

Agosto já começou e tudo que eu planejei de posts pra esse blog foi pelo ralo. Não só os posts, mas basicamente TUDO MESMO que eu tinha planejado para o pós férias deu errado. E sim eu tô frustrada, cansada, sem ânimo pra quase nada.
A última atualização aqui foi antes do covid. Pois é, após 2 anos fugindo do vírus maldito ele finalmente me pegou. E me derrubou. Fiquei mal mesmo, de cama, febre e tudo. Isso cerca de 10 dias antes da viagem. Mas tudo bem, me recuperei, quando consegui sair da cama fiz malas em tempo recorde, e foquei em duas coisas: 1 mês de viagem fugindo do frio e depois TRABALHO 🥰
Minha ideia era voltar dessas férias e sair do posto mãe-dona-de-casa. Tinha planejado algumas coisas, sabia que ia ser difícil, mas era isso: todo tempo livre seria dedicado à minha marca. Mesmo que demorasse meses pra fazer uma venda, mesmo que as coisas não saíssem do meu jeito, eu ia finalmente dar o primeiro passo. Eu precisava. Ter uma carreira, construir algo meu, são coisas fundamentais pra minha felicidade.
Mas aí algumas coisas deram errado:
Nossa viagem durou bem menos que o planejado e voltamos pra casa bem antes. Isso em si nem é tão ruim, mas o que pesou mesmo é que todo mundo seguia de férias - mesmo estando em casa - enquanto eu tinha voltado pro meu dia a dia: em casa, dormindo pouco, amamentando, trocando fraldas. Ser mãe é um trabalho sem férias. Eu só queria estar em um ambiente diferente. As vezes parece que ainda tô no auge da pandemia trancada em casa. E é desesperador.
Zuri entrou numa fase de ansiedade de separação. Isso significa muito choro por coisas que antes seriam tranquilas, muito colo, muito tetê. Muito mesmo. De passar várias horas durante a madrugada com ela grudada no peito e eu toda torta tentando achar um jeito de descansar. De passar a manhã toda sem tirar uma soneca, mas com ela no braço. De mamar um pouco, brigar comigo, com o peito, se contorcer sabe se lá pra que, voltar pro peito e começar tudo de novo. Eu entendo que é uma fase, que ela vai melhorar, mas é exaustivo.
Estamos na fila pra uma vaga na creche, mas não fazemos ideia de quanto tempo vai demorar. E aqui acho que foi o que realmente me quebrou. Porque com a atual demanda de atenção da Zuri é simplesmente impossível eu trabalhar com ela em casa. Sei que algumas mães conseguem, mas não funciona pra mim. Preciso de concentração total, além de que muitos materiais de costura e modelagem são perigosos, não poderia deixar ela livre no mesmo cômodo enquanto trabalho. Fiz uma pesquisa sobre a mensalidade pra uma creche particular e o valor está inviável.
O inevitável caiu como um balde de água fria: não vai rolar. Não agora, não do jeito que eu planejei. E meu emocional foi pra um buraco. Era tudo que eu tinha, a esperança na qual eu me agarrava pra manter minha sanidade e, de repente, nem isso eu tinha mais.
Ainda estou num processo de digerir tudo. Confesso que eu já tinha retomado as pautas de moda pra ir voltando ao ritmo, sentir o gostinho de ter o que escrever na agenda, de ter prazos, entrega, enfim. Mas eu sinceramente não consigo manter constância com a forma que eu estava fazendo se eu continuo sem ter com quem deixar minha filha. Então eu nem sei o que vai ser desse blog.
Some a isso tudo o caos que está nas redes sociais e seus algoritmos, a sensação de estar falando sozinha, a mudança brusca na minha rotina. Nada disso está sendo leve. Eu me sinto sozinha mesmo quando tenho companhia. Me cobro muito por absolutamente tudo. Me sinto mal por não ser feliz e grata o tempo todo já que tenho um bebê saudável. Não tenho uma renda e > o d e i o < ter que pedir dinheiro.
Sim eu tenho algumas ideias de como tornar as coisas um pouco mais suportáveis. Mas esse não é um post good vibes com 5 dicas pra cuidar da casa e da carreira, é um desabafo de quem precisa admitir a fragilidade e o medo. E a saudades de ter controle sobre o próprio dia, o próprio corpo, o próprio planejamento.
E que fique registrado na minha mudança de estilo de vida: surtei, chorei, quis sumir. Mas tô aqui.
Comments