Meu estilo pessoal: como foi até aqui?
- Tefi Paes
- 5 de mar. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 15 de mar. de 2022
Esse é o terceiro de uma série de 5 posts. Para acompanhar a série toda sobre o assunto, é só clicar nos textos abaixo:
Na minha adolescência, cor de rosa, cabelo liso e com franja, unha feita e gloss labial eram símbolos de patricinhas: garotas padrão e com um pouco mais de condição social, consideradas fúteis por alguns e ícones por outros.

Eu, sendo uma menina preta e periférica vivendo a ascensão social do governo Lula, senti muita resistência em me encaixar. Em qualquer lugar que eu tentasse encontrar pares eu era vista como não pertencente: entre pretos e periféricos eu era metida, entre a classe média eu era favelada... Depois de passar pela crise de identidade da adolescência, amadurecer e entender melhor as dinâmicas sociais por trás de tudo isso, eu finalmente decidi que ia ser quem eu quisesse e foda-se o que os outros achassem disso.
Falando especificamente sobre estilo pessoal, o meu antigo guarda roupa estava cheio de rosa, mas também estava lotado de todas as outras cores. Eu amava usar coisas vibrantes e chamativas. Tênis sempre fizeram parte dos looks, assim como outras peças esportivas misturada com peças sexy - combo perfeito pra dançar muito a noite toda. Muitos turbante de todas as cores também. Minhas tranças sempre coloridas, quando eu não estava careca. Raspei a cabeça muitas vezes. A maquiagem igualmente colorida. Unhas? Coloridas. Acessórios? Coloridos - pendendo bastante pro dourado que eu sempre amei.
Quando comecei a morar sozinha e precisei fazer compras de casa eu decidi que ia ser tudo rosa. Tudo que eu pudesse encontrar no rosa eu comprava. Quando precisei crochetar alguns enfeites pra casa: fio de malha rosa. ROSA ROSA ROSA. O pensamento de uma casa no estilo minimalista me causava tristeza, eu precisava traduzir minha energia em algo visual e paupável.
Resumindo, eu me comunicava com bastante criatividade e personalidade e tudo isso se expressava em forma de cores - MUITAS CORES E MUITO ROSA - e combinações não tão convencionais.
O rosa teve um papel importante nessa comunicação porque além de ser uma cor que eu amava de verdade, me ajudava a fortalecer a mensagem de que eu poderia ser quem eu quisesse e ocupar os espaços que eu quisesse. Eu não era o que se esperava de uma garota que queria ser a Mia Colucci e não a Roberta (me sentindo velha com a referência do Rebeldes mexicano). Não tinha a cor de pele esperada, o cabelo esperado, mas eu assumi o que eu amava e quem eu era. O termo "preta patrícia" só surgiu anos depois com a Mc Taya , mas sempre me definiu muito bem, obrigada.
Tudo isso faz parte de quem eu era, do que eu defendia, de onde queria chegar. Tudo era muito coerente com o ~estilo de vida~ que eu levava. Até alguns meses atrás...
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